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20 de Abril de 2024

Juiz gaúcho monta banda de rock com jovens condenados

A banda, chamada Liberdade, se apresenta no pátio Centro de Atendimento Socioeducativo de Passo Fundo, onde os adolescentes estão internados.

Publicado por Poderes Revista
há 9 anos

Juiz gacho monta banda de rock com jovens condenados

Fã dos Titãs e dos Engenheiros do Hawaii, um juiz gaúcho decidiu montar uma banda tendo como parceiros jovens que ele mesmo condenou por crimes como tráfico, roubo e até homicídio. A banda, chamada Liberdade, se apresenta no pátio do Case (Centro de Atendimento Socioeducativo) de Passo Fundo, onde os adolescentes estão internados, e em outros locais, sob escolta.

A formação não é fixa, porque os músicos são liberados após cumprir a medida socioeducativa. Roqueiro, o juiz Dalmir Franklin de Oliveira Júnior, que há oito anos atua na Vara da Infância e da Juventude, diz que por vezes também cede aos pedidos dos internos e arrisca no sertanejo, o ritmo preferido dos meninos.

O juiz afirma que nunca enfrentou problemas com os garotos na banda, mesmo os que, em um primeiro momento, se sentiram injustiçados com a pena imputada. Isso porque, para conseguir uma vaga na percussão ou na guitarra, é preciso ter bom comportamento. Dos 70 a 80 internos do Case, cerca de 25 participam das aulas de música do projeto e conseguem um lugar na banda.

“Tem um respeito recíproco grande”, conta o juiz, para quem a banda ensina responsabilidade, já que nela “cada um tem sua função”.

Dalmir, 39, começou a tocar teclado num grupo quando tinha 16 anos. No repertório, músicas do Legião Urbana e, claro, dos Engenheiros. “A música tem ampla aceitação social e dá outra etiqueta a esses jovens, permite que eles sejam vistos por outro viés que não o da delinquência”, afirma.

Marcelo Pimentel, 50, professor de percussão do projeto, concorda. “O único ser que se reúne para tocar um instrumento é o humano. Por isso, ali eles se sentem mais humanos”, diz. O programa começou há seis anos.

Segundo o professor, o ritmo da percussão ajuda a “canalizar as energias”. “Nas férias escolares deles, me chamaram porque os meninos estavam muito agitados, sem atividade”, diz ele, que atua como voluntário. As turmas, de aulas teóricas e práticas sobre ritmo e harmonia, foram montadas com a colaboração da comunidade e o apoio da Pastoral Carcerária. Os instrumentos foram doados pelo magistrado, já que o projeto não conta com verba pública.

“As pessoas não sabem o que é ser adolescente e estar preso em uma sexta-feira [quando todos se divertem]”, diz o professor. “Eles têm que pagar pelos erros, mas não precisa ser um inferno.”

Ex-integrante da banda, onde tocava repenique (tipo de percussão) e violão, Osvandré Gonçalves de Assis, 19, entrou no Case aos 16 anos por crimes como tráfico. “Sempre quis aprender. Agora sei tocar o básico”, conta ele, que está em liberdade há poucas semanas e deixou o projeto.

“Percebemos uma grande mudança nele”, diz o juiz, que sonha com uma extensão do projeto fora do Case, para acolher egressos, como Assis.

Quando recebeu a sentença, o rapaz tinha estudado só até a quarta série do fundamental. No Case, concluiu o ensino médio. “Quero fazer direito e ser advogado”, diz ele, que trabalha em um supermercado e faz planos de continuar tocando. Com informações da Asmego


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21 Comentários

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Meu Deus!

Por que isso não se multiplica, senhor? No meio de tanto individualismo e exaltação de egos, esse projeto merecia uma premiação a nível nacional. continuar lendo

E depois a nível internacional! :) continuar lendo

Um bom exemplo de ressocialização, parabéns ao magistrado e aos adolescentes que aderiram ao projeto. continuar lendo

O problema não é a maioridade penal nem a descriminalização. Ressocializar é uma função que cabe a nós, sociedade! continuar lendo

Tens razão Matheus.
Estamos acostumados ao jogo do "empurra-empurra". O Estado não dá resposta há muito tempo ao sistema carcerário, e a única atitude da sociedade é culpa-lo por isso.
Muitas vezes esperamos demais dos outros, quando nem olhamos para o que estamos fazendo. Se é que estamos fazendo! continuar lendo

As vezes, meu caro, um pouco de tempo, de atenção é o que essas pessoas precisam. Sou adepto à tese de que o crime é necessário, mas somente o será quando o individualismo imperar. continuar lendo

Isso mesmo Matheus! Reduzir não vai resolver o problema. Vai piorá-lo. Como sempre digo, a educação é a base de tudo!! continuar lendo

I wanna rock and roll all night and party everyday!! \m/ continuar lendo